quarta-feira, 23 de novembro de 2011

O brinquedo para Kishimoto



Tizuko M. Kishimoto (1994) é outra referência importante que temos em nossas pesquisas sobre brincadeiras pedagógicas. Segundo a autora, hoje em dia encontramos uma variedade de tipos de brincadeiras que estimulam o desenvolvimento da criança. Assim como Gilles Brougére, Kishimoto (1994) considera essencial a definição de determinados termos que para a sociedade podem possuir o mesmo significado: jogo, brinquedo e brincadeira.
Destacamos aqui a importância não só da brincadeira, mas também do brinquedo, pois ele é o objeto suporte da brincadeira, sendo ele ideológico ou concreto. Através deste material, a criança ou o adulto serão capazes de produzir qualquer tipo de situação lúdica. Em sua obra O jogo e a educação infantil, Kishimoto relata um pouco da história cultural do brinquedo, como por exemplo, uma pesquisa sobre a boneca. Ela também nos fala sobre a relevância que o brinquedo possui na vida da criança, e é algo que pode ser utilizado para caracterizá-la, pois ele estará presente na sua história.

“Brougére (1981), em trabalho denominado Le jouet ou La production de l’enfance, mostra que brinquedos construídos especialmente para crianças só adquirem o sentido lúdico quando funcionam como suporte de brincadeira. Caso contrário, não passam de objeto.” (KISHIMOTO, 1994, p. 8)



Porém, muitos professores têm dificuldade em associar o brinquedo como material pedagógico para que possa ser realizado o trabalho de ensino aprendizagem. Kishimoto propõe então, que os antigos objetos de estudos, como por exemplo, mapas, cartazes e até mesmo livros, sejam substituídos por algo que possa proporcionar a criança um momento de descoberta mais espontâneo, explorando em seus próprios atos, buscas por respostas. É assim que o brinquedo se torna um material pedagógico, e o professor pode utilizá-lo através de brincadeiras realizadas com todos os alunos. (KISHIMOTO, 1994).
A brincadeira deve possuir duas funções essenciais para que o trabalho seja realizado com eficiência. A função lúdica nos mostra a diversão e o prazer, já a função educativa propicia conhecimento e saberes ao individuo que está brincando. O professor precisa buscar o equilíbrio entre estas duas funções na atividade que irá propor para os seus alunos, se alguma característica faltar, a brincadeira pedagógica poderá se torna apenas uma brincadeira ou apenas um ensino.
Kishimoto cita a obra de Campagne (1989), que sugere critérios básicos para que o trabalho pedagógico com o brinquedo seja executado de forma correta:
1-o valor experimental- permitir a exploração e a manipulação,
2-o valor da estruturação - dar suporte a construção da personalidade infantil.
3-o valor de relação- colocar a criança em contato com seus pares e adultos, com os objetos e com o ambiente em geral para propiciar o estabelecimento de relações,
4-o valor lúdico- avaliar se os objetos possuem as qualidades que estimulam o aparecimento da ação lúdica.  

Todos estes critérios devem ser corretamente seguidos pelo professor que irá orientar a criança na manipulação do objeto, assim como na realização da brincadeira. Outros aspectos, como por exemplo, o local, a disponibilidade do material, disposição dos brinquedos, entre outros, devem ser considerados no plano de aula. O professor deve ser uma referência para o seus alunos, demonstrando prazer e estimulação ao realizar a atividade. (KISHIMOTO, 1994).
A escolha do material e da brincadeira deve ser condizente com a proposta temática trabalhada pela turma. A pesquisa de brincadeiras pedagógica é extensa, vários autores se dedicaram a publicações de guias que possam auxiliar o professor na escolha da brincadeira. Uma característica importante nessa pesquisa é a presença de jogos tradicionais infantis que remetem a história do nosso país através do folclore. O tradicionalismo e a cultura popular trabalhados dentro da sala de aula preservam o nosso patrimônio imaterial, além de conscientizar as crianças de uma forma divertida. (KISHIMOTO, 1994).
A brincadeira pedagógica trabalhada corretamente, acrescentará ao cotidiano da criança aprendizagem e desenvolvimento que irão ser utilizados até mesmo fora da sala de aula. A flexibilidade da brincadeira nos mostra uma nova visão sobre a forma de educar não só na escola, mas também em casa, aonde os pais poderão incentivar positivamente seus filhos através de brinquedos e brincadeiras que sejam adequados a sua faixa etária.
Se o brincar e o brinquedo são descobertos elementos educativos tão importantes, a família também deve se utilizar deles e apoiar os métodos pedagógicos das escolas. Ao comprar um jogo de montar palavras, por exemplo, os pais estarão contribuindo para esse processo formador. O papel da família também está em dar suporte ao trabalho iniciado em sala de aula. O que vemos hoje são muitos jogos educativos utilizados de forma leviana e sem a menor consideração com seu papel educativo e facilitador do ensino. Cabe mais uma vez a família se inteirar do conteúdo pretendido para aquela faixa etária e também, como na escola, utilizar de recursos como brincadeiras e brinquedos para se “treinar” conhecimentos e aplicá-los de forma prática e divertida.
O processo ensino aprendizagem é longo e complexo. Sabemos que para se alcançar um bom resultado é necessário muito esforço, competência e dedicação, além de um trabalho em equipe entre escola e família. Mas através desse estudo vimos nas brincadeiras pedagógicas uma ótima aliada a nossos objetivos como educadores, o de formar cidadãos, em todo o sentido da palavra.




Referência:
 KISHIMOTO, Tizuko Morchida. O jogo e a educação infantil. 1a ed. São Paulo: Pioneira, 1994. 63 p.


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