quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Definindo o Brincar


De acordo com o dicionário Aurélio brincar é “divertir-se, folgar [...] Zombar, escarnecer.” Para a doutora Sandra Kraft do Nascimento “brincar é tão importante para a criança como trabalhar é para o adulto. É o que a torna ativa, criativa, e lhe dá oportunidade de relacionar-se com os outros; também a faz feliz e, por isso, mais propensa a ser bondosa, a amar o próximo, a ser solidária.” E segundo a psicoterapeuta Evelyn Pryzant “é no brincar, e talvez apenas no brincar, que a criança ou o adulto flui sua liberdade de criação [...]”.
Analisando algo tão importante em favor da educação, nos remetemos ao estudo do historiador Huizinga (2008) que diz ser a brincadeira elemento fundante da cultura humana, embora tenha sido criticado mais tarde por alguns autores (como o sociólogo Gilles Brougére 1998), temos em Johan Huizinga uma grande referência sobre o tema. Tomando jogo e brincadeira como sinônimos, temos sua definição sobre as características formais:

[...]”uma atividade livre, conscientemente tomada como “não séria” e exterior à vida habitual, mas ao mesmo tempo capaz de absorver o jogador de maneira intensa e total. É uma atividade desligada de todo e qualquer interesse material, com a qual não se pode obter qualquer lucro, praticada dentro de limites espaciais e temporais próprios, segundo uma certa ordem e certas regras.” (HUIZINGA, 2008, p.16)

O brincar é como que fantasiar a vida e as brincadeiras reproduzem nossas experiências. A mistura de sons, gestos, expressões, imagens, e até o imaginário fazem com a criança se constitua como ser humano e gera um fenômeno complexo em que ela se descobre como ser, no mundo.
A vida então se manifesta nas brincadeiras e no imaginário infantil. As muitas sensações e sentimentos, que geralmente relacionamos só aos adultos, estão também presentes nas crianças e por mais doces que elas sejam há dentro delas a mistura de sentimentos presentes em todos os seres humanos como afetos, desafetos, preconceitos, crueldades; e podemos ver isso se manifestando nas brincadeiras, mesmo que sem intencionalidade.


Segundo a Dra. Sandra (2000) o que faz do brincar ser algo tão importante é o fato de a criança não pensar como um adulto, não ter o mesmo senso crítico da realidade e precisar ainda percorrer passo a passo as etapas do desenvolvimento físico, cognitivo, social e emocional. Cada etapa precisa de elementos que as ajudem a ser superadas e para a criança a brincadeira contribui significativamente para o desenvolvimento e passagem para a próxima fase.
O universo infantil está presente em cada um de nós. As crianças tem a necessidade de brincar, os jogos e brincadeiras integram nossas experiências de vida. A atividade lúdica tem um lugar muito importante na vida da criança porque a leva a dar os primeiros passos rumo ao pensar, inventar, competir, comunicar, destruir, desenvolver de forma harmoniosa o corpo, desenvolver a inteligência e afetividade também. A partir da brincadeira é desenvolvido também as experiências sensoriais e desenvolvimento do imaginário.
A criança mexe com os dedos, inventa vozes e coisas, faz algo sumir e aparecer, ou seja, desde muito novas podemos perceber que elas já trazem consigo aspectos das brincadeiras. É muito difícil encontrarmos uma criança que não brinca, e se isso acontece já sabemos que algo de errado, muito errado, acontece com ela.
O professor apoiado por toda essa carga lúdica passa a contar com a contribuição muito eficaz que os jogos e brincadeiras oferecem.

“Por fim, brincar deveria estar sendo posto constantemente em questão e em prática em todas as instituições de ensino, abrangendo qualquer idade, principalmente naquelas que lidam com crianças, pois, no brincar não se aprende somente conteúdos escolares, aprende se algo sobre a vida e a constante peleja que nela travamos.” (PEREIRA, 2002).

A criança “tem no brincar não uma ferramenta, mas uma maneira de se expressar.” (PEREIRA, em Brincar(es) 2009, p.26). E cabe a nós educadores nos apropriarmos disso como método de ensino. Para isso a brincadeira não precisaria se tornar algo sério e só para se aprender algo. Pelo contrário, a criança não deve se preocupar com essas questões, isso é um desafio do educador. O brincar deve ser visto por nós como brincar por diversão e brincar para aprender. Os dois juntos como confluentes e formadores de seres sociais. 








Referências:
HUIZINGA, Johan. Homo Ludens: o jogo como elemento da cultura. Tradução por João Paulo Monteiro. 5ª ed. São Paulo: Perspectiva, 2008. 236 p.

PEREIRA, Eugenio Tadeu. Brinquedos e Infância. Belo Horizonte: Editora UFMG; Pró-Reitoria de Extensão/UFMG. Mar. 2002.

AURÉLIO. Dicionário do Aurélio Online. 2008/2011. Disponível em: http://www.dicionariodoaurelio.com/Brincar. Acesso em 10 nov. 2011.

NASCIMENTO, Sandra Kraft do. Brincar é coisa séria: a importância do brincar. Janeiro 2000 - Edição: 3. Disponível em: http://www.alobebe.com.br/site/revista/reportagem.asp?texto=36. Acesso em: 07 nov. 2011.

PRYZANT, Evelyn. Brincar é importante. Dezembro 2000 - Edição: 7. Disponível em: http://www.alobebe.com.br/site/revista/reportagem.asp?Texto=81. Acesso em: 07 nov. 2011.

2 comentários:

  1. e a gente desperdiçando algo tao importante e utilizando como passatempo... ¬¬

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