quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Gilles e o Jogo


Nos nossos estudos mais detalhados sobre a obra Jogo e Educação de Gilles Brougére, grande autor que se especializou em jogos e brinquedos,  pudemos ter uma noção bastante ampla sobre o termo “jogo” e o seu significado no âmbito da educação.
“Na língua francesa, o vocábulo “jeu” é utilizado como sinônimo de jogo, brincadeira e, no plural “jeux”, jogos. [...] as diferenças são explicitadas pelos usos sociais do termo. Há que se esclarecer, porém, que na língua portuguesa, apesar da discussão sócio-semantica também ser pertinente e valida, há vários termos para denominar aquilo que, em francês, está associado a “jeu”. Assim, em português, “brincadeira” refere-se a atividades preferencialmente infantis, enquanto que “jogo” está associado a atividades lúdicas com regras. Esse nível de diferenciação lingüística, porém, deve ser explicado aqui, demandando, para alem dessa nota, estudos mais aprofundados.”



Uma importante parcela da obra de Brougére é referente a polissemia associada ao vocábulo jogo e sua história no mundo. Como por exemplo, os primeiros registros de jogos realizados na cultura romana e grega. O autor nos mostra como é essencial para o educador e para influência que irá exercer sobre seus alunos, pesquisar os diversos significados que foram sendo associados a esta palavra, qual é a sua verdadeira função no comportamento humano, e até mesmo, quais são as “significações explicitas e implícitas resultantes de seu termo”. A importância desta definição não se trata apenas de achar um significado mais adequado para se trabalhar, mas também a sua relação com a educação. O que esta associação de termos pode representar para uma sociedade que está culturalmente acostumada a manter a educação em um padrão que não oferece diversificação dentro e até mesmo fora da sala de aula, é apenas um dos inúmeros questionamentos que o professor deve considerar ao escolher trabalhar com este tipo de atividade.
Sendo assim, gostaríamos de explicitar claramente qual é a nossa proposta em trabalhar com brincadeiras pedagógicas e o porquê de utilizarmos o termo “jogo” como uma de nossas explicações. A necessidade de expor um pouco sobre o que está relacionado com o jogo, se deu através do conflito de idéias que a maioria das pessoas possui ao atribuir o mesmo significado de brincadeira para jogo.
“Neste caso, o jogo é entendido como uma situação em que vários jogadores devem tomar decisões das quais depende um resultado que lhes diz respeito. A teoria dos jogos estuda de fatos as formas gerais do conflito e da cooperação, cujos modelos matemáticos elabora.”
No sentido comum da palavra, o jogo possui um conceito operacional que atribui aos jogadores características racionais e científicas. A psicologia presente no comportamento daquele que joga é considerado como uma orientação de conduta proposta naquele momento em que o mesmo deverá determinar o caminho que o jogo deve prosseguir. Como analisado em nossas pesquisas, alguns psicólogos não consideram o jogo como abordagem no desenvolvimento da criança. Em outras palavras, podemos dizer que através do jogo não é possível compreender o verdadeiro “eu” ou as ações espontâneas da pessoa em momentos que a aprendizagem é requisitada. Segundo Brougere, a complexidade das atividades propostas pelo adulto ao utilizar o jogo com a criança é completamente indiferente para a mesma.
É essencial para esse estudo, levar em consideração a relação que a criança constrói com a atividade que está realizando. Através dela, poderemos compreender uma série de fatores referentes à sua personalidade que irão ser utilizados como respostas para o seu desenvolvimento, tanto cognitivo, como afetivo. O valor educativo não deve se perder neste processo, pois o mesmo possui caráter essencial na proposta realizada pelo professor, que neste ponto já precisa estar ciente da relevância deste tema.
O jogo e a educação propostos por Gilles estão presentes em um contexto histórico do modelo de escolas francesas. Porém, devemos levar em consideração algumas de suas propostas que sejam relevantes, para melhorar ainda mais o estudo sobre as brincadeiras pedagógicas. 







Referência:
BROUGERE, Gilles. Jogo e educação; Tradução Patrícia Chittoni Ramos. 1 ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998. 218p.

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